deram sinal

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

não bata nem alto nem forte!

Alguns motoristas e cobradores nutrem uma relação de bastante afetuosidade e parceria. Ao entrar em um ônibus que há este nível de envolvimento entre os dois, se você não ligar seu GPS interno, vai pensar que está dentro dessa cena aqui:
Opa!! Imagem errada!

é que as vezes parece mais a imagem anterior mesmo!

Em alguns casos, o relacionamento se restringe a apenas assuntos profissionais e as poucas palavras trocadas ficam sendo sobre aquele número que o cobrador tem que passar pro motorista no início e no final da viagem(e que eu não sei que raios de números são aqueles) ou pra confirmar a informação solicitada por algum passageiro. Isso e olhe lá!
Porque quem, em algum dia, indo pela primeira vez a um determinado local e estando confuso sobre em qual ponto saltar, falou com o cobrador "olha, quando passar pelo muro cinza que fica depois do supermercado, aquele que é depois daquela padaria que é antes da pracinha principal,você me avisa?" e recebeu como resposta dele: "pergunta ali pro motorista que eu não sei onde é não".
Quando isso rola comigo, eu fico mais chateada que a Silvana e o Eduardo.

 

Porque eu vejo a má vontade dançando um jazz na cara do cobrador e fico pensando em algumas coisas. Veja bem: se um cara trabalha com o outro o dia todo e não pode fazer uma perguntinha pro outro o que tem de errado?!

Inevitavelmente, algumas opções passam pela minha cabeça:
1.Eles estão de mal! 
2.O motorista tem bafo e o cobrador não quer perguntar e acha que eu mereço passar por isso!
3.O motorista já foi taxista lá nesse bairro e conhece tudo e o cobrador não se sente seguro em dar informação na frente dele!

...a verdade é que nunca tive resposta alguma e fico só pensando nas possibilidades.
 

Mas já reparei que há algo em comum entre todos os cobradores e motoristas (que tem bom relacionamento, que tem um relacionamento moderado e aos que não tem relacionamento algum). E este algo em comum é um código quanto as batidinhas na caixa de madeira onde se guarda o dinheiro.

Caixa que também é usada de apoio para uma rápida soneca!
 

Geralmente, sem muita visibilidade, o motorista precisa da ajuda do cobrador ao estar em um cruzamento, a espera de mudar de faixa, de atravessar a rodovia, de sair do terminal... E nessas horas o cobrador lança mão da batidinha no caixa. E o código comum a eles, funciona assim:
Uma batidinha: espera!
Duas batidinhas: vai que dá!
Três batidinhas ou mais: se quiser ir acelera e vai mandado porque tá vindo carro!

Eu acho isso legal! Facilita a vida de ambos e, agora, eu gosto de coisas que facilitam a vida das pessoas. Porque a senhorinha desse dia aqui me ensinou que facilitar a vida das pessoas faz um bem danado pra gente mesmo.

Só não entendo porquê tem cobradores que vão trabalhar com um microfone acoplado nas mãos. E pior: no ônibus que eu estou pela manhã. E numa manhã de sexta, pós debate dos candidatos à presidência do Brasil!

O camarada batia tão forte e tão alto, na tal caixinha, que durante o tempo que eu fiquei no ônibus, sentada no banco bem perto dele, não consegui disfarçar minhas expressões faciais de descontentamento a cada sonora batida.

Mas, bravamente, resisti. Só me manifestei verbalmente faltando um ponto pra eu saltar. Levantei pra dar sinal e muito bem humorada falei com ele:
_ Caraca! Tô quase surda com a altura dessas suas batidas. Tá forte hein!?

Ele riu e disse qualquer coisinha relacionada a comer espinafre, mas a amiga-noiva-esposa-namorada-coleguinha-seiláoque dele não gostou da minha piadinha! Ela passou o percurso todo de conversinha com ele e reparando nas minhas expressões impacientes a cada batidinha. Acontece que ela não achou a resposta dele suficiente e quis completar. 
Olhou pra mim e, em tom de amiguinha irônica, disparou: 
- Nossa, mas que coisa. Tá estressada assim porque é sexta? Hahahaha

Diferente da minha reação pública de sempre, eu respondi: 

- Não, colega! Não tô assim porque é sexta não. Porque ontem era quinta e eu estava do mesmo jeito! 

Não restou tempo pra ela me responder porque já falei isso no último degrau da porta de saída. Mas, gostaria de não ter saltado pra saber o que ela seguiu falando com o cobrador, que morreu de rir da cara dela depois do que eu respondi. 



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