deram sinal

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

não nasça com mais de 1,60!

Andar de ônibus, em determinados horários, deveria ser considerado esporte. Quem não é muito privilegiado na altura e já entrou em um ônibus em que os únicos lugares sem mãos segurando era o tão tão distante ferro lá perto do teto -aquele que a gente não alcança, sabe qual?- vai concordar comigo. 

Mas, agora, eu quero falar com você de estatura mediana ou alta, que sempre alcança lá em cima e mesmo assim insiste em segurar nos apoios dos bancos. 
Fique sabendo que a gente te odeia nesses momentos. E de boa? Ficamos #xatiados com razão né? 


Porque, convenhamos: 

1- se você alcança lá em cima pra quê ocupar nosso lugarzinho aqui em baixo? 

2- entre a sua altura e todo dinheiro do mundo, confesso, a gente queria a sua altura.



E talvez por você ver as coisas de um modo mais amplo, mais elevado e mais livre não perceba 



como nos contorcionamos pra segurar em algum espacinho, 


como nos equilibramos entre os outros corpos pra não passar vergonha em um belo tombo cinematográfico 


ou ainda como passamos chutando seus pés, sempre sem querer mentira, por você estar localizado próximo a algum lugar baixo que a gente alcance. 



Possivelmente, por esses motivos, você não deve concordar com os baixinhos quanto a inclusão deste esporte sugerido. Porque por falta de treino, prática e experiência, eu te garanto, nossa sugestão não seria desprezada. Porque de verdade? A gente treina MUITO e, nisto, somos exímios atletas.

Por isso, convido você a ler o que aconteceu no ônibus logo cedo, no dia de hoje. Uma cena com ares de drama, vingança e humor. O ônibus estava ultra lotado. Quanto a mim, rs, estava ótima! Sentada, curtindo uma bela canção, com fones e muito bem humorada.

Mas, uma pequena movimentação me chamou a atenção e rapidamente pausei a incrível voz do Paulo, do Crombie. Entenda: não tirar o fone e olhar disfarçadamente ajuda a não inibir os personagens e, desta forma, a cena ocorre normalmente.


Eu vi uma menina de estatura muito muito muito singela e de categoria peso pena. Ela, arduamente, tentava se mover pelos pouquíssimos espaços em busca do melhor lugar pra segurar: o de perto da porta, claro! Ela vinha da parte da frente do ônibus. 
E vi também, vindo da parte de trás, um jovem senhor. Suficientemente alto pra segurar no último galho do pé de feijão do Joãozinho. Mas, como todo passageiro que não encontra assento vago, ele também queria um espaço ali perto da porta. Até mesmo porque, quando o ônibus dá uma aliviada rola até de colocar uma folha qualquer e sentar no degrau. Quem nunca?


Por sorte eu estava estrategicamente posicionada, minha vista era privilegiada. Estava sentada naquela cadeira em que você só pode sentar se não tiver, no ônibus, um ceguinho com seu cão guia. Isso mesmo. Aquela de frente pra porta em que, havendo espaço, você consegue ver o belo horizonte. Pois bem. Deste meu lugar, pude notar que ali perto da porta havia espaço suficiente apenas para uma pessoa. A mocinha magrela também já havia notado isto e tentou se apressar. Inutilmente, pobrezinha! O grandalhão chegou primeiro e confortavelmente ocupou o lugar tão esperado. 

Pude perceber ares de frustração em seu rostinho. Mas, rapidamente uma ideia. Ela resolveu não deixar barato. Olhou pra todos lados, pensou que não estava sendo observada, passou por ele e colocou duramente o salto grosso do tamanco de madeira no pé do jovem senhor, não disse nada. Só olhou pra trás e deu uma conferida. Resultado esperado alcançado com sucesso. Ele estava com o pé no degrau, com a mão no pé e com a raiva estampada no rosto.


Vitória! No rosto dela, agora, ares de satisfação num sorrisinho maroto.
Assim é a vida, meu caro. Escolha bem seu lugar no ônibus, porque está claro: aqui se faz, aqui se paga!

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